segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Sonhos e gavetas

De vez em quando a gente ouve alguém dizer que sonha com  isso, sonha com aquilo, que tem muitos sonhos a realizar. Às vezes eu, influenciado por esses sonhadores, me ponho a pensar em por onde andam meus próprios sonhos.
Mas que sonhos? Parece que em geral as pessoas traduzem como sonhos seus desejos de consumo e necessidades de vida: comprar casa e carro, fazer faculdade, arrumar "aquele" emprego, passar no concurso, etc. Tudo muito justo e necessário, mas é essa a natureza dos sonhos? Eu desejei e ainda desejo algumas dessas coisas, mas não são sonhos. São consequências do meu esforço e de um pouquinho de sorte também, por que não? Então, quais são meus sonhos? A verdade é que não sei. Poderia dizer que quero alguma coisa de bom para o futuro dos meus filhos, por exemplo, mas não tenho direito de sonhar para eles, mesmo porque não há garantias em relação ao futuro de ninguém.
Então não tenho sonhos? É possível. Ou talvez eu tenha feito (assim espero!) como o pai do trio de irmãos de Peter Pan:

"Sra. Darling: Há muitos tipos de coragem. Há a coragem de pensar no outros antes de si mesmo. Seu pai nunca brandiu uma espada nem atirou com uma arma, graças aos céus. Mas ele fez muitos sacrifícios pela família, e abriu mão de muitos sonhos.

Miguel: Onde ele os colocou?

Sra. Darling: Numa gaveta. E ás vezes, tarde da noite, nós os tiramos de lá e os admiramos. E é cada vez mais difícil fechar a gaveta... E ele fecha. E por isso ele é corajoso."

Sonhos e gavetas.

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