segunda-feira, 26 de março de 2012

Loviscool

Encontrei no trem um panfleto da igreja universal sobre amor e sexo, o que por si só já é estranho porque pensava que o negócio deles fosse só dinheiro mesmo.
Na última página é que estava a pérola, uma chamada para a Caminhada do Amor de "alcance mundial", só que o local fica à escolha dos participantes. O importante é que todos comprem o kit com duas camisetas Love School, um cd com dicas de como conversar com a outra pessoa (deve ser ouvido antes da caminhada) e o mais legal: um roteiro com 20 perguntas para serem usadas no dia do encontro.

Agora imagina você e seu ser amado vestidos assim, passeando por um parque e fazendo perguntas previamente selecionadas! Não tem erro, vai desencalhar!

Nem eu precisei apelar assim

sexta-feira, 23 de março de 2012

Bondade alheia

E ontem à noite, do nada, caiu o maior temporal bem na hora que eu estava voltando pra casa. Quando desci da lotation perto de casa já estava preparado para o banho de água gelada, que começou ali mesmo no abrigo do ponto de ônibus cujo teto era só buraco.
Junto comigo desceu uma moça com a mesma preocupação, só que ela tinha um daqueles guarda-chuvas minúsculos que as mulheres guardam nas bolsas desafiando as leis da física. Para minha surpresa, a dama em questão me ofereceu uma carona debaixo da "sombrinha" já que após um breve small talk descobrimos que iríamos na mesma direção. Assim, cheguei em casa apenas 90% molhado e dado o espaço protegido de que dispunhamos creio que ela não ficou muito melhor.
Interessante que ainda exista gente disposta a dividir um guarda-chuva com um completo estranho.
Na verdade, eu sempre tive vontade de fazer isso também, oferecer a cobertura do meu guarda-chuva a um(a) estranho(a). Nunca o fiz por causa dos julgamentos que tal boa ação poderia acarretar. Se eu oferecesse a um homem, provavelmente este pensaria "é viado"; se oferecesse a uma mulher, esta pensaria "é tarado". Constrangimento.
Acho que tem coisas que só uma mulher pode fazer sem levantar estranhas suspeitas; eu não pensei que ela fosse uma louca ou tarada. Aceitei o gesto de bom grado e compartilhamos aquele espaço semi-seco abaixo do guarda-chuva, sem nem mesmo sabermos os nomes um do outro. Que tempos estes em que estranhamos a bondade!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Sobre crianças e deus

Me lembro que no ano passado, naqueles deslizamentos no Rio de Janeiro, durante o resgate das vítimas encontraram um pai morto sobre seu filho ainda vivo; ele usou seu corpo como escudo para proteger o garoto e conseguiu, no maior ato de coragem e nobreza que um ser humano pode ser capaz. Lembro também que duas meninas foram atropeladas e mortas, após saírem da igreja, por um garoto de 16 anos que dirigia o carro do pai. E ainda houve o caso daquele maluco que invadiu uma escola e matou não sei quantas crianças. Uns três dias atrás 22 crianças morreram num acidente de ônibus na Suíça de uma só vez.
Tudo isso me fez pensar no péssimo  gerenciamento que deus faz sobre a Terra, se é que tal ser existe. Vejam o primeiro exemplo que citei, do pai que protegeu o filho: Deus nunca fez isso pra ninguém, ou será que alguém já viu uma mão gigante segurando o barranco que desliza? Não culpo deus pelas desgraças do mundo, pois 99% delas são causadas por nós mesmos, mas penso que Ele esteja sendo no mínimo negligente. Chega a me perturbar quando alguém me diz "vai com deus" ou "deus te proteja". Mentiras convenientes. Deus não protege ninguém e, mesmo que protegesse, por que este benefício seria só para alguns e não para todos? Por que ele não protegeu as crianças de serem esmagadas e assassinadas? Afinal, se tem algo em comum entre todas as crenças é a de que somos todos filhos d'Ele.
Ah, mas podem dizer: "foi vontade de deus", "deus escreve certo por linhas tortas", "deus trabalha de forma misteriosa, que não compreendemos". Ora, será que alguém teria coragem de dizer isso pros pais dessas crianças? Talvez deus simplesmente não se importe com nada disso, ou já foi embora, ou nunca existiu, e as pessoas creem nele apenas porque torna mais fácil aceitar a dura realidade. Como disse meu filósofo preferido: "O que seria de nós sem o conforto do que não existe?"
A verdade, meus caros, é que no fim estamos sempre sós.