sexta-feira, 23 de março de 2012

Bondade alheia

E ontem à noite, do nada, caiu o maior temporal bem na hora que eu estava voltando pra casa. Quando desci da lotation perto de casa já estava preparado para o banho de água gelada, que começou ali mesmo no abrigo do ponto de ônibus cujo teto era só buraco.
Junto comigo desceu uma moça com a mesma preocupação, só que ela tinha um daqueles guarda-chuvas minúsculos que as mulheres guardam nas bolsas desafiando as leis da física. Para minha surpresa, a dama em questão me ofereceu uma carona debaixo da "sombrinha" já que após um breve small talk descobrimos que iríamos na mesma direção. Assim, cheguei em casa apenas 90% molhado e dado o espaço protegido de que dispunhamos creio que ela não ficou muito melhor.
Interessante que ainda exista gente disposta a dividir um guarda-chuva com um completo estranho.
Na verdade, eu sempre tive vontade de fazer isso também, oferecer a cobertura do meu guarda-chuva a um(a) estranho(a). Nunca o fiz por causa dos julgamentos que tal boa ação poderia acarretar. Se eu oferecesse a um homem, provavelmente este pensaria "é viado"; se oferecesse a uma mulher, esta pensaria "é tarado". Constrangimento.
Acho que tem coisas que só uma mulher pode fazer sem levantar estranhas suspeitas; eu não pensei que ela fosse uma louca ou tarada. Aceitei o gesto de bom grado e compartilhamos aquele espaço semi-seco abaixo do guarda-chuva, sem nem mesmo sabermos os nomes um do outro. Que tempos estes em que estranhamos a bondade!

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