sexta-feira, 16 de março de 2012

Sobre crianças e deus

Me lembro que no ano passado, naqueles deslizamentos no Rio de Janeiro, durante o resgate das vítimas encontraram um pai morto sobre seu filho ainda vivo; ele usou seu corpo como escudo para proteger o garoto e conseguiu, no maior ato de coragem e nobreza que um ser humano pode ser capaz. Lembro também que duas meninas foram atropeladas e mortas, após saírem da igreja, por um garoto de 16 anos que dirigia o carro do pai. E ainda houve o caso daquele maluco que invadiu uma escola e matou não sei quantas crianças. Uns três dias atrás 22 crianças morreram num acidente de ônibus na Suíça de uma só vez.
Tudo isso me fez pensar no péssimo  gerenciamento que deus faz sobre a Terra, se é que tal ser existe. Vejam o primeiro exemplo que citei, do pai que protegeu o filho: Deus nunca fez isso pra ninguém, ou será que alguém já viu uma mão gigante segurando o barranco que desliza? Não culpo deus pelas desgraças do mundo, pois 99% delas são causadas por nós mesmos, mas penso que Ele esteja sendo no mínimo negligente. Chega a me perturbar quando alguém me diz "vai com deus" ou "deus te proteja". Mentiras convenientes. Deus não protege ninguém e, mesmo que protegesse, por que este benefício seria só para alguns e não para todos? Por que ele não protegeu as crianças de serem esmagadas e assassinadas? Afinal, se tem algo em comum entre todas as crenças é a de que somos todos filhos d'Ele.
Ah, mas podem dizer: "foi vontade de deus", "deus escreve certo por linhas tortas", "deus trabalha de forma misteriosa, que não compreendemos". Ora, será que alguém teria coragem de dizer isso pros pais dessas crianças? Talvez deus simplesmente não se importe com nada disso, ou já foi embora, ou nunca existiu, e as pessoas creem nele apenas porque torna mais fácil aceitar a dura realidade. Como disse meu filósofo preferido: "O que seria de nós sem o conforto do que não existe?"
A verdade, meus caros, é que no fim estamos sempre sós.



Um comentário:

  1. Talvez Ele seja um sádico megalomaníaco. Talvez Ele tenha simplesmente desistido ou talvez Ele seja o tal do Big Brother do livro 1984: alguém que acreditamos estar sempre nos olhando e julgando sem sabermos que ele existe mesmo, e isso nos mantém na linha, entende?
    Vai saber.

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